Aplicação de vitamina K nos recém‐nascidos: o que os pais precisam saber!

Uma das maiores dúvidas dos pais ao formular o plano de parto diz respeito à aplicação da vitamina K em seus recém-nascidos. Pensando nisso resolvi postar algumas informações para ajudar nesta escolha, que deve ser tomada após estudo e compartilhamento de decisões com sua equipe.

O que os pais precisam saber

– Sangramento por deficiência de vitamina K ou “doença hemorrágica do recém-nascido” apresenta-se como sangramento inesperado, incluindo hematomas, sangramento de membranas mucosas, hemorragia gastrointestinal e, ate mesmo, hemorragia intracraniana.

– A vitamina K desempenha um papel importante na coagulação, pois é um co-fator necessário para a função de várias proteínas incluindo os fatores II, VII, IX e X, proteína C e proteína S. A deficiência de vitamina K inibe a coagulação e predispõe os pacientes a sangramento.

– Recém-nascidos tem risco aumentado de deficiência de vitamina K pelas seguintes razões: RNs têm níveis muito baixos de vitamina K armazenados em seus corpos ao nascimento (apenas pequenas quantidades de vitamina K atravessam a placenta); RNs têm uma microbiota intestinal imatura – as bactérias benéficas que produzem vitamina K, como Bacteróides, ainda não colonizaram os intestinos do recém-nascido;  e o leite materno contem pouca vitamina K.

– O sangramento por deficiência de vitamina K é classificado de acordo com o tempo de apresentação após o nascimento:

* Deficiência precoce de vitamina K: apresenta-se com sangramento entre 0 e 24 horas após o nascimento

* Deficiência clássica de vitamina K: sangramento de ocorre entre 1-7 dias após o nascimento

* Deficiência tardia de vitamina K: tipicamente ocorre 2-12 semanas após o nascimento, mas pode acontecer até 6 meses de idade.

– A hemorragia precoce é mais frequentemente observada em crianças de mães que tomaram medicamentos que alteram o metabolismo da vitamina K durante a gravidez, incluindo anticonvulsivantes, medicamentos anti-tuberculose, antibióticos cefalosporínicos e antagonistas de vitamina K. Essa hemorragia precoce é muitas vezes grave, apresentando-se como cefalo-hematoma associado a hemorragia intracraniana e intra-abdominal.

– Na deficiência clássica de vitamina K, o sangramento geralmente se apresenta como sangramento no umbilical cordão e hematomas. Hemorragia intracraniana é rara nessa situação, mas pode ocorrer.

– O sangramento tardio por deficiência de vitamina K é tipicamente grave, apresentando-se predominantemente como hemorragia intracraniana. Hematomas ou sangramento de membranas mucosas são incomuns. Trata-se de uma condição quase exclusiva de lactentes amamentados ao seio materno, e o risco esta presente até a introdução de alimentos sólidos, tipicamente aos 6 meses de idade. Deficiência tardia de vitamina K pode acontecer como resultado de má absorção crônica, na doença celíaca, fibrose cística e doença hepática colestática.

– Não há um consenso geral quanto as recomendações para a prevenção da deficiência de vitamina K. Na America do Norte, a prevenção do sangramento por deficiência de vitamina K é  feita com a administração rotineira de vitamina K em recém-nascidos via injeção intramuscular. No Brasil, há certa variação na pratica – oral vs. Injetável.

– RNs que não recebem profilaxia no nascimento tem um risco mais de 80 vezes maior desenvolver deficiência tardia de vitamina K do que aqueles que recebem profilaxia. A melhor prática recomendada em parece ser de uma dose única intramuscular de vitamina K em todos os recém-nascidos nas primeiras 6 horas de vida. A dose recomendada para crianças que pesam mais de 1500g é de 1 mg e metade da dose, 0.5mg, para lactentes com peso menor ou igual a 1500g.

– Estratégias para minimizar a dor de procedimento associada a injeções intramusculares podem e devem ser implementadas, incluindo amamentação ou sucção de soluções de sacarose durante o procedimento, contato pele a pele com os pais.

– Há evidências de que a vitamina IV e oral é menos eficaz do que a via intramuscular.

– Para recém-nascidos prematuros submetidos a cuidados intensivos, alguns centros usam vitamina endovenosa, contudo há dados limitados para tal pratica, por isso o uso rotineiro de vitamina K IV não é recomendado nesta população.

– A vitamina K oral deve idealmente ser reservada para pacientes cujos pais recusam injecção intramuscular. A profilaxia com vitamina K oral inclui uma dose de 2 mg durante o primeiro alimento, com doses adicionais de 2 mg entre 2-4 semanas de idade e entre 6-8 semanas de idade.


– Não há evidencia que suporte a suplementação de vitamina K durante a gravidez para reduzir o risco de sangramento do RN.

Fonte: Site Nova Pediatria
Link: https://novapediatria.com.br/sangramento-por-deficiencia-de-vitamina-k/


Vitamina K profilática para hemorragia por deficiência de vitamina K nos recém-nascidos - Conclusão dos autores

Uma dose única (1,0 mg) de vitamina K intramuscular após o nascimento é efetiva na prevenção da HDN clássica. A administração da vitamina K profilática (1,0 mg) por via intramuscular ou oral melhora os índices bioquímicos do estado de coagulação no período de 1 a 7 dias. A vitamina K via oral ou intramuscular não foi testada em ensaios clínicos randomizados em relação aos seus efeitos na HDN tardia. A vitamina K oral, em dose única ou dose múltipla, não foi testada em ensaios clínicos randomizados em relação aos seus efeitos na HDN clássica ou tardia.

Puckett  RM, Offringa  M. Prophylactic vitamin K for vitamin K deficiency bleeding in neonates. Cochrane Database of Systematic Reviews 2000, Issue 4. Art. No.: CD002776. DOI: 10.1002/14651858.CD002776.
Link: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD002776/full/pt


Por que os bebês têm maior probabilidade de ter deficiência de vitamina K e ter hemorragias?

Todos os bebês, independentemente de sexo, raça ou origem étnica, correm maior risco de desenvolver VKDB até começar a ingerir alimentos regulares, geralmente com idades entre 4 e 6 meses, e até que as bactérias intestinais normais comecem a produzir vitamina K. Isso ocorre porque:

No nascimento, os bebês têm muito pouca vitamina K armazenada em seus corpos porque apenas pequenas quantidades passam pela placenta de suas mães.
As boas bactérias que produzem vitamina K ainda não estão presentes no intestino do recém-nascido.

O leite materno contém baixas quantidades de vitamina K, portanto, os bebês amamentados exclusivamente não recebem vitamina K suficiente apenas do leite materno.

Fonte: CDC - Center for Disease Control
Link: https://www.cdc.gov/ncbddd/vitamink/facts.html




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