Relato de parto- Lélida, Danilo e Pedro



Pedro chegou! Em um lindo e respeitoso parto domiciliar planejado.

Às 00:58 do dia 08/12/2021 com 3.125Kg e 48 cm.

No dia 06/12, à noite, estávamos eu e meu esposo Danilo, no sacolão, e pela primeira e única vez, senti uma contração que parei de andar imediatamente e já pensei: “opa”. Seguimos para casa e a noite foi normal, tranquila como todas as noites da gestação.

Na manhã seguinte, 07/12, acordei e falei com Danilo: não saio dessa cama hoje! Fiquei lá vendo TV, comendo meus chocolates, dormindo, lendo, dormia de novo... um dia de descanso e de preparação. Sentia um pouco de contração, mas nada que chamasse minha atenção, conseguia comer e dormir.

Às 13:00 a dor estava vindo mais forte, eu me mantive deitada na minha cama em posição fetal que era a mais confortável que encontrei. No meio da tarde a dor foi apertando, a doula Rebeca me ligou querendo vir cuidar de mim, e eu cortei o barato dela e da Clarisse, também doula. Pensei comigo que não queria ninguém aqui em casa, primeiro porque eu teria que dividir meu chocolate e segundo, não queria fazer “sala” pra ninguém.

Lá pelas 17:00 a dor apertou real e eu fiz contato com a Equipe Bom Parto. O Walter me ligou e orientou baixar o aplicativo e monitorar as contrações. Lembro que com meia hora marcando, o resultado foi: “vá para o hospital imediatamente!” Mandei o print da tela no grupo do WhatsApp que fizemos eu, Danilo, Rebeca, Clarisse, os enfermeiros da equipe e a Poly, fotógrafa, e disse: “VEM GENTE!”

Às 18:00, a enfermeira obstetra Bárbara chegou, fiquei super tranquila e pensei pode sair filho. Ela cuidou de mim, avaliou Pedro, fez massagem, usou óleo essencial. Eu concordei que ela fizesse o toque para verificar o colo do útero e a dilatação, estávamos com 6/7cm.

Comecei a chamar pelas doulas, cadê a Rebeca? Cadê a Rebeca? Achei que ia parar de doer quando elas chegassem. Ela chegou junto com a Clarisse e acho que junto vieram a Nathália enfermeira obstetra e a Poly.

Continuei bastante tempo ainda deitada na cama em posição fetal, não precisava de nada, só queria ficar quietinha esperando Pedro chegar.

Em algum momento na cama lembrei que essa criança tinha pai e perguntei por ele, alguém me disse que ele estava arrumando a cozinha e eu pedi que ele viesse ficar comigo. Depois Danilo me confessou que estava querendo fazer algo de útil e estava nervoso.

Umas 21/22h a Rebeca pediu para o Danilo começar a encher a banheira e lá fui eu, mudar de posição. Andei até o quarto ao lado e entrei, foi até legal, mas durante os 9 meses em nenhum momento idealizei parir na água, nunca visualizei essa cena. Tenho a pressão arterial meio baixa, água quente me deixa mole, eu tinha certeza que não seria ali mesmo, mas fomos.

Eu havia feito um playlist para ouvir e quando a Rebeca me perguntou se eu queria ouvir música, eu fui categórica: Não, não quero zueira na minha cabeça não.

Lembro de chamar o Danilo e pedir para ele pedir pizza para o pessoal, conferir se tinha toalha de rosto no banheiro social ... essas coisas iam vindo na minha cabeça e eu organizando as coisas, talvez tentando ter controle de alguma coisa. Recordo também que eu estava com um prendedor de cabelo azul, pensei e falei: “gente, minhas as fotos vão ficar péssimas com esse trem azul, alguém troca comigo" a Clarisse resolveu “meu problema”.

A Nathália me consultou sobre rompermos a minha bolsa e eu recusei após trocar uma ideia com a Rebeca, poderíamos esperar mais um pouco. Um tempo depois saí da banheira e no mesmo quarto sentei na banqueta, ali sim pensei que iria parir. O tempo todo conversei com Pedro, chamando por ele, passando segurança, dizendo o quanto ele foi planejado e era amado.

Na baqueta sim, fiz força, pensei que estava mais perto, mas apesar de evoluir não acontecia. Pedi para deitar na minha cama, as forças estavam se esgotando, mas a equipe me recomendou não deitar.

A Clarisse disse: “vamos então colocar a banqueta em cima da sua cama”, pensei: “que ideia de girico, Clara” e sugeri que colocassem a banqueta dentro do meu closet então, já que lá teríamos mais espaço para nós sete (duas doulas, duas enfermeiras, fotógrafa, papai e mamãe).

Antes de ir pra lá, passamos pela cama, mas sem sucesso e ninguém me deixou deitar. No closet, a Nathália me questionou se poderíamos romper a bolsa e concordei. Ela veio com aquela agulha de crochê e só de encostar ela se rompeu, e não é igual novela, saiu pouca água, isso foi às 00:30. Clarisse fez acupuntura nos meus pés e renovamos as forças, Danilo estava sentado atrás de mim e na primeira contração fiquei tão feliz, com a sensação de um primeiro encontro com alguém desconhecido, mas especial. 

Uns 20 minutos após romper a bolsa eu disse: “Me ajuda, Rebeca!” Ela veio e me mudou de posição, eu estava sentada na banqueta e me virei de frente para o Danilo, com os joelhos no chão e segurando nele, passamos alguns minutos Pedro nasceu, às 00:58. Veio direto, sem coroar, sem circulo de fogo, só desceu reto, direto para as mãos da Nathália, que segurou e me deu ele no colo, ficamos ali nos apresentando, nos olhando, nos três.



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